Uma semana depois de ser divulgado um estudo elaborado que aponta que "Cerca de 1,8 milhões de trabalhadores necessitarão de melhorar as suas competências ou mudar de emprego até 2030" para fazer face à robotização do nosso país, decidi partilhar a minha visão dos factos e gostaria, sinceramente, que partilhassem também as vossas opiniões.
Ainda segundo este estudo, Portugal "tem um relativamente alto potencial de automação, devido ao peso da indústria transformadora e às tarefas repetitivas" em vários setores e até aqui, estou plenamente de acordo. As minhas dúvidas surgem - e não me interpretem mal, pois apesar de ter uma profissão que depende da robotização da indústria, não pretendo que os portugueses percam o seu posto de trabalho - quando denoto uma abordagem alarmista a esta questão por parte da imprensa.
Eu assustei-me quando li "1,8 milhões".
Vocês não?
Há que pensar que enquanto milhares de processos na indústria e no comércio serão automatizados, gerando desta forma receitas para as empresas, mesmo que se extingam alguns postos de trabalho, abre-se uma janela de oportunidade para a criação de novos desafios.
Não vejo os robots como substitutos de humanos. Vejo-os antes como um complemento e uma oportunidade de mudar o modelo de trabalho atual, sobretudo ao nível da indústria.
Não só os novos empregos que serão criados devido ao mundo de automação serão uma oportunidade para muita gente (mais emprego), como também, se os robots passarem a executar as tarefas mais monótonas e repetitivas, os seres humanos ocupar-se-ão de processos que exigem mais capacidades e competências. Logo, em teoria, mais bem-remunerados, o que se traduz em emprego mais diferenciado e especializado.
Por isso, eu sinto-me otimista e prefiro olhar para esta mudança como uma oportunidade de requalificação, tanto de pessoas, como de processos, em vez de encarar a robotização como o bicho papão da indústria dos tempos modernos.
Para mim, bem como para todos aqueles que trabalham em automação e particularmente com robots, esta evolução é sinónimo de crescimento económico e possibilidade de melhorar os métodos de trabalho usados atualmente.
O aumento generalizado da automatização na indústria portuguesa deverá conduzir igualmente a empresas mais competitivas a nível mundial. Do ponto de vista dos colaboradores dessas empresas, o número de horas em cada turno de trabalho terá tendência a reduzir, contribuindo para uma melhor qualidade de vida dessas pessoas.
Há e, apesar do forte avanço tecnológico que temos testemunhado nas últimas décadas, continuará a haver por muitos anos, tarefas que apenas o homem pode executar. Assim como há processos que exclusivamente os robots conseguem realizar, prevendo-se nomeadamente que estas últimas tenham tendência a aumentar.