A resposta é SIM. Todos os testes de estanqueidade precisam de uma fase de estabilização.
Após a fase de enchimento, em que o ar entra sob uma determinada pressão na peça em teste, a mesma pode ver as suas características alteradas.
Em que medida é que isto pode acontecer?
- A entrada de ar arrefece a peça e provoca trocas de calor entre a mesma e o exterior
- Mecanicamente, a peça dilata e o seu volume altera-se
- Os tamponamentos, normalmente em borracha, podem ceder e provocar variações de volume
Por estas razões, é fundamental estabilizar a pressão do gás de teste dentro da peça para que a mesma recupere o seu estado normal e não falhe nos testes de estanqueidade.
Passar esta fase à frente, num teste por queda de pressão, pode resultar num fenómeno chamado "settling tail", onde julgamos estar a medir um ΔP que quantifica uma fuga, quando na realidade estamos a medir o assentamento da peça. Nesta situação verifica-se uma queda de pressão enorme que pode não corresponder de todo a uma fuga.
Serve, portanto, esta fase de estabilização para eliminar os efeitos da variação da temperatura e a turbulência dentro do volume de teste causados pela fase de enchimento, além de estabilizar o volume da peça que pode variar, sobretudo em materiais mais voláteis e em volumes mais pequenos.
Não existe uma regra ou fórmula para definir a duração da fase de estabilização num teste de estanqueidade. Este período deve ser determinado por sucessivas tentativas, considerando os piores cenários de variação de temperatura ou diferença de elasticidade da peça de acordo com o tipo de material de que é feita e considerando que, para a mesma peça, podem ocorrer diferenças ao nível das suas características de acordo com o lote de produção.
Independentemente do tipo de peça que pretende testar, tenha sempre presente que a fase de estabilização é de extrema importância para obter os melhores resultados.
Admito que o tema é algo complexo e que pode suscitar algumas dúvidas. A importância da fase de estabilização não deve ser uma delas.
Independentemente das dúvidas que ainda possa ter acerca deste assunto, não há nada como ver um caso prático. Para isso deixo-lhe um Caso de Estudo feito em parceria com a TEKL, uma empresa que fabrica soluções de iluminação para o setor automóvel e que aumentou a sua produtividade em 20% depois de instalar um equipamento de teste de fugas.
